O futuro presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, está preparando uma cartada final para evitar o banimento do TikTok no país. Segundo fontes do The Washington Post, Trump considera emitir uma ordem executiva no dia seguinte à sua posse, em 20 de janeiro, para suspender a aplicação da lei que exige a venda da parte estadunidense da plataforma pela chinesa ByteDance. Caso contrário, o TikTok será banido.
A Lei e o Prazo
A lei, sancionada pelo presidente Joe Biden, determina que a ByteDance venda sua participação no TikTok até 19 de janeiro. Se isso não acontecer, a plataforma será banida nos EUA. A Suprema Corte está analisando uma apelação da ByteDance, mas espera-se que a decisão favoreça a administração Biden, permitindo o bloqueio do aplicativo.
Trump, no entanto, quer ser visto como o “salvador” do TikTok. Ele planeja assinar uma ordem executiva no dia 20 de janeiro, suspendendo temporariamente a aplicação da lei. Essa manobra daria ao presidente eleito uma vitória simbólica, mas especialistas questionam se a ordem terá efeito prático, já que a lei foi aprovada por ampla maioria no Congresso.
Por Que Trump Quer Salvar o TikTok?
Trump tem motivações políticas e pessoais para salvar o TikTok. Durante sua campanha, ele usou a plataforma para se conectar com eleitores mais jovens, acumulando 144 milhões de seguidores. Além disso, ele vê o TikTok como uma forma de minar rivais como a Meta (Facebook e Instagram) e fortalecer sua imagem como negociador habilidoso.
Em dezembro, o CEO do TikTok, Show Zi Chew, visitou Trump em sua residência em Mar-a-Lago, na Flórida, em uma tentativa desesperada de evitar o banimento. Trump também publicou no Truth Social, sua rede social, que tem um “lugar quente no coração” para o TikTok e não vê razão para se livrar da plataforma.
Desafios Legais e Políticos
Apesar do entusiasmo de Trump, uma ordem executiva pode não ser suficiente para evitar o banimento do TikTok. Alan Rozenshtein, ex-conselheiro do Departamento de Justiça, explicou ao The Washington Post que ordens executivas “não são documentos mágicos”. Elas não podem revogar uma lei aprovada pelo Congresso, mas podem sinalizar a intenção do presidente de não aplicá-la.
Outra opção seria Trump pressionar o Congresso a revogar a lei, mas isso seria difícil, dada a ampla aprovação bipartidária. Alternativamente, ele poderia instruir sua procuradora-geral, Pam Bondi, a não aplicar a lei, mas isso geraria controvérsias legais e políticas.
Possíveis Compradores e Negociações
Enquanto isso, surgiram especulações sobre possíveis compradores para o TikTok. Elon Musk, dono do X (antigo Twitter), foi mencionado como candidato, mas a ByteDance negou qualquer interesse em vender a plataforma. Outros nomes, como o empresário Kevin O’Leary e o ex-proprietário do Los Angeles Dodgers, Frank McCourt, propuseram uma “Oferta das Pessoas” para assumir o controle do TikTok sem seu algoritmo, já que a China proíbe sua venda.
No entanto, analistas estimam que o TikTok vale cerca de US$ 50 bilhões, o que torna qualquer negociação complexa e arriscada. Além disso, a concorrência de plataformas como Instagram Reels e YouTube Shorts diminuiu o apelo do TikTok como ativo.
Questões de Segurança Nacional
A preocupação com a segurança nacional continua sendo o principal argumento para o banimento do TikTok. Críticos, como o senador Marco Rubio, argumentam que a plataforma é uma ferramenta de coleta de dados para o Partido Comunista Chinês. No entanto, alguns aliados de Trump sugerem que o TikTok poderia ser usado como moeda de troca em negociações comerciais com a China.
A ByteDance propôs o “Projeto Texas”, um pacote de reformas de US$ 1,5 bilhão para garantir a segurança dos dados dos usuários estadunidenses. No entanto, o Departamento de Justiça rejeitou a proposta, alegando que ela não resolve os riscos à segurança nacional.
Conclusão
A batalha pelo futuro do TikTok nos EUA está longe de terminar. Enquanto Trump tenta evitar o banimento do TikTok com uma ordem executiva, a ByteDance enfrenta desafios legais e políticos para manter a plataforma ativa no país. O desfecho dessa disputa terá implicações significativas para as relações EUA-China e o mercado global de tecnologia.
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