O parlamentar Eduardo Bolsonaro, representante do PL por São Paulo, dirigiu duras palavras ao cineasta Walter Salles, responsável pela produção do filme brasileiro “Ainda Estou Aqui”, classificando-o como um “psicopata cínico”. Ele ainda criticou a obra, vencedora do Oscar de Melhor Filme Internacional, por retratar, em sua visão, uma “ditadura que nunca existiu”.
Essas declarações foram motivadas por uma entrevista concedida por Salles em Los Angeles, Califórnia, onde o diretor mencionou que os Estados Unidos estão passando por um “enfraquecimento progressivo da democracia”. O deputado compartilhou suas opiniões em uma publicação no X (antigo Twitter) na terça-feira, dia 4 de março.
Eduardo Bolsonaro fez uma distinção entre dois tipos de psicopatas: o “cínico”, que esconde sua natureza malévola, e o “escrachado”, que age de forma mais explícita. Ele enquadrou Salles na primeira categoria, acusando-o de apoiar a prisão dos envolvidos nos eventos de 8 de janeiro de 2023 e de criticar o governo dos EUA. Além disso, o parlamentar fez referência ao ministro do STF, Alexandre de Moraes, sugerindo que, se Salles fizesse comentários semelhantes sobre o que ele chamou de “regime” liderado por Moraes, o cineasta “estaria preso, desfrutando dos ‘encantos’ da democracia de esquerda”.
Há 2 tipos peculiares de psicopatas: o cínico, que disfarça a sua natureza demoníaca, e o escrachado.
Acredito que o sujeito que bate palmas para prisão de mães de família, idosos e trabalhadores inocentes, enquanto faz filme de uma ditadura inexistente e reclama do governo… https://t.co/21YFtO4IHy
— Eduardo Bolsonaro🇧🇷 (@BolsonaroSP) March 4, 2025
“Deve ser realmente difícil viver sob a ditadura americana”, ironizou o deputado.
Durante uma coletiva de imprensa na segunda-feira, 3 de março, após a conquista do Oscar, Walter Salles expressou preocupação com o que descreveu como um “crescente enfraquecimento da democracia” nos Estados Unidos, um processo que, segundo ele, está se intensificando. O diretor acredita que essa percepção contribuiu para que o filme “Ainda Estou Aqui” fosse bem recebido pelo público norte-americano.
“E eu diria que isso não se limita aos EUA, porque, de certa forma, o filme reflete o risco autoritário que está presente em todo o mundo. Estamos vivendo um momento de extrema crueldade, onde a prática da crueldade se tornou uma forma de exercer o poder”, afirmou Salles.
O longa-metragem tem como protagonista a atriz Fernanda Torres, que interpreta Eunice Paiva (1929-2018), esposa do ex-deputado Rubens Paiva (1929-1971), que foi sequestrado e assassinado durante o regime militar no Brasil (1964-1985). A produção é baseada no livro de mesmo nome escrito por Marcelo Rubens Paiva, filho do casal.
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